“Precisamos investir na luta contra a crise climática, como estamos fazendo na guerra na Ucrânia”.

John Kerry, enviado a Brasília por Joe Biden para falar sobre a Amazônia e o clima, reconheceu que era mais fácil convencer o Congresso dos Estados Unidos a liberar recursos para a guerra na Ucrânia do que para enfrentar a crise climática. Ele disse que a crise climática e os desafios da Amazônia são inescapáveis para toda a humanidade.

Sua visita ao Brasil foi marcada pela expectativa de um possível anúncio de recursos adicionais para o Fundo Amazônia, que financia medidas para combater o desmatamento. No início deste mês, os americanos prometeram uma doação para o Fundo Amazônia. Oficialmente, a doação ainda não foi revelada, mas fontes dentro do governo dos Estados Unidos disseram à BBC News Brasil que a quantia chegaria a US$50 milhões. Embora esta seja a primeira contribuição dos Estados Unidos ao fundo, a quantia é considerada baixa pelos ambientalistas que levam em conta o tamanho da economia americana e o fato de que o país é o segundo maior emissor de gases de efeito estufa, atrás da China.

A expectativa de mais dinheiro, entretanto, não se concretizou e um segundo anúncio de recursos não veio.

Enquanto estava no Brasil, o enviado especial de Joe Biden para o clima falou com vários jornalistas, inclusive uma equipe da BBC News Brasil. Alguns trechos: Os US$50 milhões que o presidente (Biden) anunciou durante uma visita a Washington foram simplesmente um adiantamento de fundos disponíveis”.

“Em nosso sistema de governo, como aqui no Brasil, o senhor tem que conseguir a aprovação do Congresso. E agora há projetos (sobre o assunto) no Congresso (…). Dois senadores, um republicano e um democrata, propuseram 4 bilhões de dólares. Na Câmara, houve uma proposta de 9 bilhões de dólares. E isso terá que passar pelo processo legislativo. É uma luta e não há certeza de aprovação”.

Perguntado se os Estados Unidos planejam dar mais dinheiro ao Brasil ou ao Fundo Amazônia em breve, ele disse: “Sim, vamos levantar o dinheiro que achamos necessário e vamos concordar com o Brasil”. Não estamos fazendo isso unilateralmente”. Compete ao Brasil fazer suas escolhas. Esta é a floresta do Brasil. Trata-se de uma decisão brasileira. Mas trabalharemos o mais próximo possível do Brasil e lutaremos pelo dinheiro que achamos necessário para que isso aconteça”.

“Os Estados Unidos e a comunidade internacional muitas vezes mobilizam dinheiro, e o senhor pode mobilizar dinheiro de outras fontes”. Se o senhor não conseguir que o Congresso aprove (a liberação de fundos), ainda terá meios de levantar dinheiro no mercado, no setor privado, na filantropia e nos bancos multilaterais de desenvolvimento”.

 Falta apenas fazer…